foto de Spencer Tunick

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rascunho duma crônica

Antes de começar a escrever,
faço um pacto com o papel:
teu branco não
poderá ofuscar meu garrancho.
Porque no fundo é isto,
uma briga pra ver quem acontece
– se o papel
e todo esse silêncio orquestrado,
se minha mão e toda essa formalidade
de escriba. Mas paro antes de pensar
no que vou escrever e ideias
sobre o equilíbrio me corrompem: não prosarei
palavras sobre balanças, a não ser esta negação;
seria tudo pessimismo? depressão perpetuada?
escolhas introvertidas de alegria?
desistência de um caminho difícil?
E todas essas perguntas não me dizem
mais que uma música parada antes do fim.
E todo fim tem seu começo
na escolha por não ser mais.

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