foto de Spencer Tunick

sábado, 22 de janeiro de 2011

versículo um

O sono é mais uma pessoa que desiste de mim & eu corro atrás dele tentando resgatar as migalhas, porque o mal que faço despedaça as coisas pelos caminhos – o asfalto sem flor alguma, a grama bacana da família americana, o carro cheio de cheiro do sexo –, mas não é possível consertar os erros (quebra-cabeça guardado em armário), e eu não durmo pra sentir a dor em toda a extensão de minha nudez; tentar sonhar no silêncio dos olhos abertos.

Canção I

você precisa entender
o poder de escrever
estas palavras na linha
de baixo

em uma linha
todo sentido
não sente mais

em um espaço vazio
todo silêncio
dá voz ao tempo

e tudo o que devia
ser está sendo
e toda palavra
é um fenômeno
preso em verbo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ode ao ódio

este poema nasceu
para não ser
poema, crônica
escrita em pé
o verso que diz o verbo
que não se diz
a arte
que te toca
a partitura
da música
que não se ouve
sente
o gozo no chão.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

textículos

a dama da noite
anoitece o drama
e de manhã, reclama
___________________

a manhã briga
com a noite
amanhã
___________________

o tempo
é uma etcétera
reticente

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O outro (ou Haikai crônico)

enquanto isso, existem
pormenores de situações
alheias sendo no mundo