“que foi Hillé?
o olho dos bichos, mãe
que é que tem o olho dos bichos?
o olho dos bichos é uma pergunta morta.
E depois vi os olhos dos homens, fúria e pompa, e mil perguntas mortas e pombas rodeando o oco e vi um túnel extenso forrado de penugem, asas e olhos, caminhei dentro do olho dos homens, um mugido de medos e garras sangrentas segurando ouro, geografias do nada, frias, álgidas, vórtice de gentes, os beiços secos, as costelas à mostra, e rodeando o vórtice homens engalanados fraque e cartola, de seus peitos duros saíam palavras Mentira, Engodo, Morte, Hipocrisia (...)”
(in A obscena senhora D, páginas 30 e 31, de Hilda Hilst)
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Crônica egocêntrica
porque quando não escrevo, não me percebo
me sinto falta de mim
não me noto nem me aconselho
me calo frente à qualquer ideia
que poderia surgir
e desse silêncio todo me enlouqueço
me transmuto
em palavras mortas, enterradas
em tudo o que poderia brotar
e não surge, sequer existe
nem vive: desacontece
e por que quando escrevo
das frases que penso
posso até não tatuar no papel
mas elas existiram elas viveram elas aconteceram
e do que se passou nada será
apagado
o passado vai ser o eterno
lembrar
de uma prisão e de um aprendizado
lembrança indesejada
ou querida.
me sinto falta de mim
não me noto nem me aconselho
me calo frente à qualquer ideia
que poderia surgir
e desse silêncio todo me enlouqueço
me transmuto
em palavras mortas, enterradas
em tudo o que poderia brotar
e não surge, sequer existe
nem vive: desacontece
e por que quando escrevo
das frases que penso
posso até não tatuar no papel
mas elas existiram elas viveram elas aconteceram
e do que se passou nada será
apagado
o passado vai ser o eterno
lembrar
de uma prisão e de um aprendizado
lembrança indesejada
ou querida.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Meu mundo
"Conforto alucinante, tranquilidade na clareira do caos
O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem
O que as horas guardam nos espaços do contra-tempo?
A mulher?
(...)
O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você 'tá aí?
Você 'tá aí?
Ei, voce está aí?
Vontade de abraçar o infinito"
A dor do Lirinha me puxa lágrimas pelos olhos.
(in Certa Manhã, Acordei de Sonhos Intranquilos, de Otto)
O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem
O que as horas guardam nos espaços do contra-tempo?
A mulher?
(...)
O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você 'tá aí?
Você 'tá aí?
Ei, voce está aí?
Vontade de abraçar o infinito"
A dor do Lirinha me puxa lágrimas pelos olhos.
(in Certa Manhã, Acordei de Sonhos Intranquilos, de Otto)
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Líricos – I
Abri os olhos e não os fechei mais. Lacrimejei.
Por alguns segundos, meu nexo cérebro-retina funcionou
em velocidade lenta,
tanto quanto demorei pra enxergar.
E no embaçado vi cinza
teu corpo todo em negação.
As costas,
o ar denso do amor cansado,
sequer te sentia.
Te tocava e não sentias.
Te tinha e já não eras mais minha.
Fechei os olhos. A lágrima espremida escorregou
pelo rosto suado
do nervosismo incontido
que é te ter por perto.
E não a sequei. Marcou fria a face.
(Segui teus conselhos e chorei a dor.)
Por alguns segundos, meu nexo cérebro-retina funcionou
em velocidade lenta,
tanto quanto demorei pra enxergar.
E no embaçado vi cinza
teu corpo todo em negação.
As costas,
o ar denso do amor cansado,
sequer te sentia.
Te tocava e não sentias.
Te tinha e já não eras mais minha.
Fechei os olhos. A lágrima espremida escorregou
pelo rosto suado
do nervosismo incontido
que é te ter por perto.
E não a sequei. Marcou fria a face.
(Segui teus conselhos e chorei a dor.)
quarta-feira, 12 de maio de 2010
(po)ética do louco
não quero procurar por ti
e quero que toda vez seja esse choque
de almas que não se conhecem
e fugas de olhar
– vivi um sonho que sonho só
contigo
não quero mais procurar por ti
e quero que toda vez seja essa falta de ar
que me falta o ar todo
e já não respiro mais
– morri em devaneios porque existo só
pra ti
e quero que toda vez seja esse choque
de almas que não se conhecem
e fugas de olhar
– vivi um sonho que sonho só
contigo
não quero mais procurar por ti
e quero que toda vez seja essa falta de ar
que me falta o ar todo
e já não respiro mais
– morri em devaneios porque existo só
pra ti
domingo, 9 de maio de 2010
Pretérito
O que havia de ser luz, apagou.
O que havia de ser, brochou.
O que havia, acabou.
Será que tu sabes que teu olhar me vive em dor?
O que havia de ser, brochou.
O que havia, acabou.
Será que tu sabes que teu olhar me vive em dor?
Reflexo da Promessa
colorindo
o diário árido
que a vida vai sendo
num processo
(mal)amado de dor
e despudor
e o resultado
enobrecendo
o enxugado
Escrito espontaneamente após a leitura da linda Promessa (http://emgolesacidos.blogspot.com/2010/04/promessa.html).
o diário árido
que a vida vai sendo
num processo
(mal)amado de dor
e despudor
e o resultado
enobrecendo
o enxugado
Escrito espontaneamente após a leitura da linda Promessa (http://emgolesacidos.blogspot.com/2010/04/promessa.html).
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