foto de Spencer Tunick

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Esboço lírico sobre experiências metafísico-obscenas


I
Poemas-sujos são como
Os olhos, se não excitam
A gente só pelo enxergar,
Temos vergonha e des-
Encaramos

II
Poemas-sujos são como
O tato, que a gente quer
Saber o que tem dentro
Apenas pela superfície

III
Poemas-sujos são como
Os cheiros que sentimos
De longe, às vezes nos
Brocham, noutras o gozo
Escapa

IV
Poemas-sujos são como
O gosto da porra que fica
Na língua e aflige a moça
Que tem nojo do que vê

V
Poemas-sujos gemem

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sobre o silêncio


I
O teu pelo pela pele
Minha eu pego
Eu sinto

II
Saudade, carência, a vontade
Esse incômodo, esse estar
Inquieto e ser todo um buraco
Uma falta, o vazio como coisa
Concreta que fosse

III
Vejo o teu retrato
E carrego em mim
Desconforto no contato
Co’a lembrança
Movimento cerebral de esquecer

IV
Ser-tempo & estar-espaço
No sonho do que é o silêncio
Eu-para-mim