foto de Spencer Tunick

terça-feira, 8 de junho de 2010

A sola das lágrimas

Eu não escuto mais
a tua voz. Teu silêncio
me vive, e vivo da nostalgia
doída que é não lembrar de ti.
Teu cheiro secou.
O meu encontro com ti são palavras
jogadas ao vazio
que é a distância que nos separa.
Sequer sinto saudades,
não tenho capacidade.
Capacidade, aliás, me falta pra sonhar:
suguei todas as gotas
de sonhos com você.
A gente se encontra,
a gente se toca,
a gente se fala,
a gente se sente,
(a gente se ama
em todos os silêncios
que é o nosso corpo)
e hoje me lembro de nada.
Construí a estória
em todos os minúsculos detalhes,
inventei destinos, criei recomeços;
o tempo lento
– das horas, dias, meses sem você –
te apagou de mim. Hoje,
as pessoas perguntam se você existiu.

Vou inventar outra palavra pra me referir a ti:
teu nome não me arrepia mais.

2 comentários:

  1. não existiu, não tem nome, não tem história, não tem porra nenhuma. tem o seu texto, que me arrepiou
    e por um grande motivo: se alguém, tanto quanto eu, sabe o que é sonhar alto, tanto, muito, esse alguém é você.
    todos os beijos por esse texto
    todos os beijos que eu queria te dar todos os dias
    até mais

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  2. ô, Linda, esse é aquele típico carinho de corpo aberto. brigado pelas palavras!

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