foto de Spencer Tunick

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Crônica da Sorte

Parada, jazendo em repouso fotográfico, solitária, pensativa, descansada ou no gerúndio, vai sendo uma Sorte:
– fiques aí, bichinho!
E sempre foi esse sonho de querer guardar o que é certo pra depois eu próprio me cansar e não ser jogado ao léu pelo outro. É o medo traumático de ser descartado, porque agir é mais prazeroso do que sofrer.
– e eu faço de tudo para que fiques aí. te dou casa, comida, cama mesa & banho, abaixo a luz, me movimento cautelosamente, fecho a janela para não ouvires o elétrico incômodo dos carros e outros. te bajulo, te bajulo se quiseres; se não quiseres, nem troco olhares. finjo! finjo verdadeiramente, mentiras que se tornam verdade por exaltação.
Prometia, prometia, prometia e, prometendo acreditei que de promessa se conquista. Achei que falando pudesse te absorver. Achei que jurando, melhor... Parei de enxergar que o que me prende a você é justamente esse medo de te perder, porque a segurança é confortável (e conforto apaixonado não existe), e o medo de ter perder é a própria renovação da vontade. Porque cansar, sendo eu, não é problema, é apenas característica - “sou volúvel!”. Agora resta medo: se a luz se apagar, o que vais fazer? Fugirás correndo? servirás de fantasia pro meu deitar sombrio? ficarás esperando o meu amanhã?

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